sábado, 26 de janeiro de 2013

Pais diante de filhos envolvidos com substâncias psicoativas


Por Claudia F. J.   clafaje@hotmail.com
Psicóloga e Mestre em Psicologia da Saúde.

Descobrir que o(a) filho(a) está fazendo uso de drogas faz com que os pais percam o chão. Esta verdade desvelada faz com que os pais tenham que encarar uma certa realidade. Uma realidade que traz sofrimento, medo, incertezas, dúvidas, culpa, raiva, decepção e tantos outros sentimentos. Os pais não sabem o que fazer. Percebe-se que os pais não estão preparados para lidar com esta realidade ou esta verdade. Assim, é necessária uma busca da qual, não se desejaria buscar. Uma busca de aceitação, de enfrentamento, de aprendizagens, de reflexão da própria dinâmica familiar; uma busca da representação dos papéis de pai, mãe, da figura de autoridade e, entre outros, uma busca da reformulação dos próprios valores éticos e morais.

Filhos aprendem com os pais. Mas, os pais também aprendem com os filhos. Toda crise traz em si o desejo de superação. Os pais passam por crises quando os filhos estão envolvidos com drogas. Esta crise pode se manter , ou, ser superada. A superação requer mudanças. Os pais aprendem a mudar. Não há receitas mágicas ou respostas prontas para esta superação. Até deve haver quem diga, mas, acredito numa construção subjetiva que irá ser remodelada, reformulada no cotidiano.
Há uma imensa diferença no processo do que fazer quando o filho está disposto a buscar a abstinência das drogas, e a busca de tratamento para modificar a própria vida do filho que não está disposto a ficar sem o uso da substância psicoativa. Porém, ambos os pais precisam mudar. È saudável a busca pela mudança, seja qual for a decisão do(a) filho(a).

Os pais se sentem perdidos nesta verdade desvelada. Muitas vezes agem de forma negativa, destrutiva, ou de forma pessimista. È fundamental o desejo dos pais na busca por uma superação. È fundamental os pais cuidarem de si para redirecionar as escolhas feitas no cotidiano. Acredito na importância da abertura dos pais para enfrentarem os próprios sentimentos e trilhar novos rumos para uma realidade mais saudável e uma convivência com qualidade.

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Consumo de drogas: familiares e seus impasses


Por Claudia F. J. clafaje@hotmail.com
Psicóloga e Mestre em Psicologia da Saúde.

Diante dos desafios, questiona-se:
Não há mais o que fazer...
Há o cansaço diante de tantas tentativas...
Há a sensação de impotência, de culpa, de vergonha e de decepção...
Há o medo, a incerteza, a angustia  e o medo do futuro...
Há a desesperança e a ausência da fé...
Há o abandono do outro amado...
Há a necessidade do tempo e aceitação do não controle...
Há a busca de compreensão e da autopercepção...
Mais tarde, só mais tarde, há o outro já esquecido ou desconhecido...

Neste mais tarde há a aproximação, o contato, o renascimento do afeto...
Há o respeito, a separação e independência mútua...
Há o diálogo, a amizade e a alegria compartilhada...
Há a aprendizagem com o passado e o desapego com o futuro...
Há vida no presente...
Há a desconstrução e a construção do não saber por vir...
Há o entusiasmo pelo novo e a motivação da surpresa...
Há uma nova relação, há um caminho a se abrir...
Bem vindo às mudanças no indivíduo e nos familiares.



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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Pesquisa Amor-Exigente


Pesquisa realizada pelo Amor-Exigente e publicada no portal do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras drogas) e da UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas), aponta os seguintes dados:

As mulheres buscam mais ajuda aos seus familiares (principalmente filhos e maridos) dependentes químicos (61% do total de familiares atendidos). Na maioria das vezes, essas mulheres são o suporte financeiro da família.

A distribuição das idades dos usuários situa-se primordialmente entre 16 e 33 anos, havendo maior concentração na faixa etária dos 25 aos 29 anos. 64% dos usuários apresentam entre 5 e 20 anos de uso, havendo grande concentração de usuários com 10 anos de tempo de uso.

Em 68% dos casos, a descoberta do uso foi feita por um familiar que percebeu sinais e mudanças comportamentais.

As drogas mais frequentemente consumidas são:
Maconha: 67% e/ou;
Cocaína: 63% e/ou;
Álcool: 47% e/ou;
Crack: 38%.

As drogas relatadas como sendo as de preferência são:
Maconha: 29%;
Cocaína:  27%;
Crack: 20%;
Álcool: 18%.

Na opinião do familiar entrevistado, entre os fatores que contribuíram para o uso da droga, os mais importantes são a baixa auto-estima, um fator individual, que foi apontado por 36%, e aqueles ligados à pressão do ambiente, como a “influência de más companhias”, relatado por 30%.

24% dos familiares têm conhecimento da presença de transtorno psiquiátrico associado à dependência química do paciente. Transtornos psiquiátricos comuns como Depressão, Ansiedade e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, foram citados com frequência. No entanto, a presença significativa de doenças psiquiátricas mais graves como esquizofrenia, TAB e outros transtornos psicóticos são dignos de nota.
Estima-se que o impacto da dependência química extrapolou o núcleo familiar principal em cerca de 70% dos casos, numa clara demonstração da extensão do impacto desse problema.

O sentimento manifesto pelos familiares entrevistados em relação à dependência química é principalmente de ”tristeza” (134 famílias) acompanhado da “sensação de impotência” (126 famílias).

As modalidades de tratamento procuradas pelos pacientes são:
Internação: 56% e/ou;
Psicólogos ou terapeutas: 54% e/ou;
Religião: 50% e/ou;
Psiquiatra: 31%.

É importante notar que 61,6% não conhecem os Centros de Atenção Psicossocial para Dependentes de Álcool e de Drogas (CAPS-AD). A maior divulgação dos recursos de tratamento já existentes, além, obviamente, da ampliação desses recursos que atualmente são bastante deficitários em relação à demanda total, poderia melhorar esse cenário.







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